domingo, 3 de junho de 2012

A história que eu inventei há 24 anos ;)

 
Alguém me disse ao ouvido,
que uma estrela cadente,
deveras apaixonada,
lá no céu, no firmamento, suspirava, suspirava...
Pelo seu querido amor.

Já não me lembro, quem foi
mas, esse alguém, também, disse
que de tanto suspirar
a tal estrela cadente,
de tão apaixonada, começou a soluçar.

Achei estranho, bizarro
uma estrela soluçar.
Duvidosa desse alguém,
que eu não queria acreditar,
Mofei, ri, galhofei, da proeza dessa estrela,
Apaixonada ou... Sei lá!

A conversa eu esqueci,
sem delongas, sem comentários.
Uma estrela apaixonada...
Pois, sim!
Só se fosse em sonho;
E mesmo assim...

Lacónica, adormeci,
num sono de justo, como se diz.
Altas horas eu vi e não quis acreditar.
Uma estrela cadente que a soluçar, soluçar,
aos saltinhos, vinha a chegar.

Abri os olhos de espanto,
Porque eu vi aquela estrela,
beijar com tanta ternura,
o velho mendigo da rua.

Ainda hoje faço um esforço,
Para me lembrar daquela noite,
para encontrar explicação.
Fecho os olhos e sorrio,
Não importa, deixa estar...

Estava a sonhar.

sábado, 2 de junho de 2012

Gary Moore - Parisienne Walkways


A minha desmotivação


Sei que ando cansada e, devo até confessar, algo confusa. Relevo, constantemente, pensamentos pessimistas e tento arranjar uma desculpa para o estado de desânimo em que me encontro, de há tempos a esta parte – o síndrome da pré-menopausa.
A falta de motivação para trabalhar (coisa que nunca havia acontecido) dá comigo em doida. Dou voltas e voltas à cabeça, na tentativa de encontrar um motivo lógico para a desmotivação que, irremediavelmente, me prostra.
Na verdade, quando o relógio desperta para o início de mais um dia de rotina, apossa-se de mim um misto de consternação e raiva contra aquele objecto barulhento. Porque não sou rica? Porque é que tenho que me levantar? Porque é que a noite não é mais longa? Porque tem este relógio que tocar?
Porque… porque… porque.
Enquanto o duche me desperta percebo, de súbito, que aquela “coisa” que eu sinto todas as manhãs, nada tem a haver com a pré-menopausa, apesar dos suores quentes e frios, das irritações, das palpitações e tudo o resto.
Aquele desânimo matinal tem mesmo que ver com a desmotivação.
Sou humana, caramba!
Quero ir trabalhar, feliz e contente. Saber que vou dar um “duro” durante as 7 horas de trabalho em que, mais uma vez, vou dedicar-me e superar-me, mas que alguém vai reconhecer o meu esforço. Que o salário mensal vai dar para as despesas e que vou poder, finalmente, comprar algum trapo que não seja de duas ou três estações atrás, que vou poder ter umas merecidas férias num qualquer hotelzinho português, que vou poder comprar os livros que quero ler, os filmes que quero ver, enfim, ter uma vida de cidadã de um país dito desenvolvido.
Bah! Isso nunca vai acontecer.
Fecho a água do chuveiro e dou por mim a desculpar-me pelos devaneios.
Penso nas fortunas que nascem como cogumelos e que, aparentemente, não se consegue explicar a proveniência; penso nos crimes de “colarinho-branco”, tráficos de influência e outros que tais; penso nas novas regulamentações, cada vez mais limitativas em termos de liberdade individual e laboral; penso na educação e na saúde, no emprego e protecção social; penso e repenso e deprimo-me.
Não. Definitivamente, não é o síndrome da pré-menopausa.