sábado, 19 de março de 2011

Peregrinação de sábado III




Orgulhosa das minhas rugas

Sei que vivo num mundo em que se sobrevaloriza o belo. Sei, também, que o belo é isso mesmo, belo e daí não conseguir perceber porque é que o belo tem que ser sobrevalorizado. A beleza está lá, mesmo que não se veja como óbvia. Os estereótipos criados pela sociedade em que vivemos, manipulada pelo marketing mais ou menos agressivo, nada tem a haver com a verdadeira beleza. Criam-se padrões distorcidos do que é natural, do que é verdadeiramente belo, porque simples.
Escravos destes estereótipos, à mercê das "sanguessugas" do dinheiro, deixamo-nos levar pela ilusão da eterna juventude, como se a aparência jovial fosse a dona e senhora da vida.
Ora! Tenham paciência! 
Eu tenho orgulho nas rugas do meu corpo. Cada vez que me olho ao espelho, converso com aquelazinha que lá está e mimo-a pelas gargalhadas que já deu, pelas lágrimas que já chorou, pelas alegrias e tristezas, pelos fracassos e sucessos, pelas quedas e pelas vezes sem fim que se ergueu, pelas emoções vividas, sofridas e sentidas, pelos ensinamentos e experiências partilhadas, pelas amizades e pela família, pelo que aprendeu e ensinou e por tudo o resto que dá significado à vida.
Se eu mudaria alguma coisa? 
Talvez; Arranjaria espaço para mais umas ruguinhas. §;-)

sábado, 12 de março de 2011

Ter para nada

A propósito da enorme tragédia que se abateu sobre o Japão, dei comigo a pensar na precariedade da vida e em como tudo é efémero.
Vivemos obcecados pela nossa ânsia ilimitada de "ter"; Passamos a vida a juntar trastes; Esquecemos emoções, robotizamo-nos, andamos de costas voltadas para os outros e num momento de fúria a natureza se encarrega de colocar as peças no seu lugar.
Para quê?

quarta-feira, 9 de março de 2011

Ah! Perfeição, essa madrasta.


Esta coisa de ser “blogueira” tem os seus contratempos. O que à partida parece ser tarefa fácil acaba por nos trair; Requer uma disciplina que, mea culpa, definitivamente, não tenho.
Gosto imenso de escrever mas, não raras vezes, sou assolada por uma preguiça súbita que me tolda a vontade. O quê! Não sou perfeita.
E é exactamente sobre a perfeição que me apetece escrever.
É frequente, no meu dia-a-dia, deparar-me com pessoas cuja perfeição me faz sentir um poço de defeitos! Fisicamente equilibradas (até a natureza é pródiga, neste pessoal), egos elevadíssimos, apresentação exemplar e um dedo (deverei dizer dedos?) sempre prontos a apontar à mais pequena imperfeição! Perfeição absoluta - física, mental e social - como se a simples existência dos demais mortais, fosse um verdadeiro estorvo para semelhantes exemplares. Dou comigo a pensar nas milhentas formas que teria para alcançar um nível tão… “nariz empinado” e uma sapiência tão… “franciscana” (que me perdoem os franciscanos!) Conseguem detectar, aqui, uma pontinha de inveja? Pois claro! Afinal não sou perfeita. Assumo, gloriosamente, esta invejazinha que faz de mim um ser humano imperfeito nas suas perfeições. Ah! Como adoro os meus erros que, imperfeitamente, me conduzem num caminho tortuoso e gratificante pela dignidade de ser, apenas, eu.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Peregrinação de sábado - II








Urban sketchers

Há uns tempos, uma querida amiga e colega, incitou-me a visitar um sítio desta imensa rede, onde eram publicados desenhos das mais variadas situações do quotidiano. Desenhos simples, de situações comuns do dia-a-dia, que nos colocam ali e agora, naquele lugar. Cenas triviais em que pessoas comuns, nos mais variados actos e situações, serviam de modelo para esboços, desenhados em pequenos cadernos de bolso. Interessei-me pelo assunto. Pesquisei, li e fiquei a saber que aqueles esboços desenhados por mãos talentosas, se chamavam "urban sketches". Fiquei a saber, também, que em Portugal (sim, neste Portugal em que milhares de talentos são desvalorizados) existe uma comunidade de urban sketchers, ou seja, as mãos talentosas que oferecem, gratuitamente, aos nossos olhos, essas pequenas GRANDES maravilhas.
Não se acanhem nesta viagem dos esboços urbanos.