sábado, 15 de outubro de 2011

Regresso de Outono

Hoje, ao deambular pelas avenidas do mundo, encontrei-me. Tropecei no meu próprio espaço e foi muito divertido ;) Como é possível que as correrias de um quotidiano marcado por rotineiros hábitos nos façam, até, esquecer um pretenso blog de trivialidades, mais ou menos sérias, que jurámos acompanhar, sacramentalmente? Sorri, descaradamente, deste devaneio.

Estou de regresso e lembrei-me que o Outono, tarda nada, bate-nos à porta.
Quem disse que Outono tem que ser triste?


sábado, 19 de março de 2011

Peregrinação de sábado III




Orgulhosa das minhas rugas

Sei que vivo num mundo em que se sobrevaloriza o belo. Sei, também, que o belo é isso mesmo, belo e daí não conseguir perceber porque é que o belo tem que ser sobrevalorizado. A beleza está lá, mesmo que não se veja como óbvia. Os estereótipos criados pela sociedade em que vivemos, manipulada pelo marketing mais ou menos agressivo, nada tem a haver com a verdadeira beleza. Criam-se padrões distorcidos do que é natural, do que é verdadeiramente belo, porque simples.
Escravos destes estereótipos, à mercê das "sanguessugas" do dinheiro, deixamo-nos levar pela ilusão da eterna juventude, como se a aparência jovial fosse a dona e senhora da vida.
Ora! Tenham paciência! 
Eu tenho orgulho nas rugas do meu corpo. Cada vez que me olho ao espelho, converso com aquelazinha que lá está e mimo-a pelas gargalhadas que já deu, pelas lágrimas que já chorou, pelas alegrias e tristezas, pelos fracassos e sucessos, pelas quedas e pelas vezes sem fim que se ergueu, pelas emoções vividas, sofridas e sentidas, pelos ensinamentos e experiências partilhadas, pelas amizades e pela família, pelo que aprendeu e ensinou e por tudo o resto que dá significado à vida.
Se eu mudaria alguma coisa? 
Talvez; Arranjaria espaço para mais umas ruguinhas. §;-)

sábado, 12 de março de 2011

Ter para nada

A propósito da enorme tragédia que se abateu sobre o Japão, dei comigo a pensar na precariedade da vida e em como tudo é efémero.
Vivemos obcecados pela nossa ânsia ilimitada de "ter"; Passamos a vida a juntar trastes; Esquecemos emoções, robotizamo-nos, andamos de costas voltadas para os outros e num momento de fúria a natureza se encarrega de colocar as peças no seu lugar.
Para quê?

quarta-feira, 9 de março de 2011

Ah! Perfeição, essa madrasta.


Esta coisa de ser “blogueira” tem os seus contratempos. O que à partida parece ser tarefa fácil acaba por nos trair; Requer uma disciplina que, mea culpa, definitivamente, não tenho.
Gosto imenso de escrever mas, não raras vezes, sou assolada por uma preguiça súbita que me tolda a vontade. O quê! Não sou perfeita.
E é exactamente sobre a perfeição que me apetece escrever.
É frequente, no meu dia-a-dia, deparar-me com pessoas cuja perfeição me faz sentir um poço de defeitos! Fisicamente equilibradas (até a natureza é pródiga, neste pessoal), egos elevadíssimos, apresentação exemplar e um dedo (deverei dizer dedos?) sempre prontos a apontar à mais pequena imperfeição! Perfeição absoluta - física, mental e social - como se a simples existência dos demais mortais, fosse um verdadeiro estorvo para semelhantes exemplares. Dou comigo a pensar nas milhentas formas que teria para alcançar um nível tão… “nariz empinado” e uma sapiência tão… “franciscana” (que me perdoem os franciscanos!) Conseguem detectar, aqui, uma pontinha de inveja? Pois claro! Afinal não sou perfeita. Assumo, gloriosamente, esta invejazinha que faz de mim um ser humano imperfeito nas suas perfeições. Ah! Como adoro os meus erros que, imperfeitamente, me conduzem num caminho tortuoso e gratificante pela dignidade de ser, apenas, eu.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Peregrinação de sábado - II








Urban sketchers

Há uns tempos, uma querida amiga e colega, incitou-me a visitar um sítio desta imensa rede, onde eram publicados desenhos das mais variadas situações do quotidiano. Desenhos simples, de situações comuns do dia-a-dia, que nos colocam ali e agora, naquele lugar. Cenas triviais em que pessoas comuns, nos mais variados actos e situações, serviam de modelo para esboços, desenhados em pequenos cadernos de bolso. Interessei-me pelo assunto. Pesquisei, li e fiquei a saber que aqueles esboços desenhados por mãos talentosas, se chamavam "urban sketches". Fiquei a saber, também, que em Portugal (sim, neste Portugal em que milhares de talentos são desvalorizados) existe uma comunidade de urban sketchers, ou seja, as mãos talentosas que oferecem, gratuitamente, aos nossos olhos, essas pequenas GRANDES maravilhas.
Não se acanhem nesta viagem dos esboços urbanos. 

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

"A importância ornitológica da laguna do Mussulo"

Kostadin Luchansky nasceu na Bulgária e vive em Luanda. Para além de outras coisas, Kostadin é um excelente fotógrafo. Habituei-me a pesquisar o seu trabalho e a "matar saudades" da terra que me viu nascer. As suas fotografias fazem-me "mergulhar" na essência da terra e das gentes, das minhas gentes. Viciei-me no seu trabalho meritório, digno, autêntico. Soube, muito recentemente, que Kodilu também é ornitólogo.
Sem mais delongas, deixo o "link" para três vídeos que dão o título a este "post". 
Vale a pena vê-los pela sequência lógica.


 



quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Não me tirem os coffee-breaks

Não sei se é comum a todos nós mas, no meu local de trabalho, fazemos coffe-breaks o que, em bom português, significa pausas para o café. 
O que é interessante é que a cada dia que passa, me vejo a desejar a chegada daqueles 15 minutos, que passam a voar. É que o meu coffee-break tornou-se, com o tempo, em deliciosos momentos de saudável convivência e animada conversa, entre colegas.
São momentos de relaxe, em que se trocam ideias e sugestões, tiram-se dúvidas, acalmam-se ânimos mais susceptíveis e, mais do que isso, se partilham experiências de vida. São momentos de troca.
Se estes momentos são úteis profissionalmente? Provavelmente não, se analisados à luz de uma sociedade cada vez mais centrada no economicismo, mais do que no factor humano.
Tornámo-nos máquinas de produção em série, seja lá do que for. Esquecemos, nesta azáfama desenfreada, de que somos pessoas; Que temos sentimentos e emoções; Que somos cada vez mais iguais nas nossas diferenças e que, hoje mais do que nunca, passamos mais tempo com os colegas de trabalho do que com as nossas famílias. Afastamo-nos de nós e dos outros e nem percebemos, muito bem, porquê!
Não é, pois, de estranhar, que uns meros momentos de pausa no trabalho, se transformem em momentos de alguma cumplicidade e de partilha.
Não precisamos andar aos beijinhos e abracinhos; Não precisamos de palmadinhas nas costas; Não precisamos de estar sempre de acordo ou, sequer, de sorriso rasgado. Precisamos sim de nos olharmos nos olhos dos outros e vermos o que existe dentro de nós.
Se eu poderia passar sem os coffee-breaks? Claro que sim mas ficaria bem mais pobre.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A sério!

Não gosto de pessoas "lamecha". Mais do que me incomodam, esvaziam-me. Vivem numa constante peregrinação pelos "muros de lamentação" da vida; São mal-amados e também são incompreendidos. Ah! Não podemos esquecer que, e acima de tudo, são uns azarados.
Não raras vezes me vejo confrontada com pessoas assim. Lamentam-se e lamentam-se e... lamentam-se. Será possível que alguém se sinta tão cronicamente infeliz que não consiga descortinar a mais leve claridade na vida?
O caricato é que, invariavelmente, encontram "bodes expiatórios" para a sua insatisfação. Nunca são responsáveis por coisa alguma. 
Curioso que sejam pessoas mais ou menos escolarizadas, com emprego estável, família, casa, carro, aparentemente saudáveis e mais um sem fim de razões para serem equilibradas, contudo... 
A sério! Quantos de nós não temos tanto e agradecemos, todos os dias, o que a vida nos dá?
Haja paciência!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Por favor, limpem os cocozitos

O assunto já fez correr rios de tinta e... de letras, digo eu. Já li centenas de artigos em dezenas de jornais, revistas, blogs, comentários, reclamações e desabafos irados e incontidos sobre os "diabólicos" cocozitos dos cãezinhos de estimação.
Não é fácil falar e muito menos escrever sobre tão... "aromático" tema, acreditem. Devo deixar bem claro, que até morar na minha rua, que por ironia do meu destino termina num beco, fartava-me de rir ao escutar ou ler os desabafos frustrados, mais ou menos desesperados dos meus caros concidadãos. Hoje, já não acho tanta graça e passei a fazer parte do grupo dos que estão fartos, não dos "lulus" mas dos seus irresponsáveis companheiros humanos. A minha rua deixou de ser típica e passou a ser a latrina dos cães. Localizada numa zona histórica da cidade é, sem margem para dúvidas, a vergonha pública número um. Não há um metro de calçada onde não se encontre um... "torcido"! O "pivete" é nauseabundo e ai de quem seja incauto.
Um destes dias, "saltou-me a tampa" e sem qualquer parcimónia dei comigo a "descalçar os tamancos" da forma mais pimba de que fui capaz! Moro num rés-do-chão e, por conseguinte, tenho a janela da cozinha virada para a rua (ou devo dizer beco?). Fazemos todas as refeições na cozinha e é, exactamente, à hora das refeições que certa "madame" resolve levar o canídeo de estimação a ... aliviar as entranhas. Onde pensam que é a paragem? Nem mais! Encostadinho à janela da minha cozinha, bem tapadinho por uma ou outra viatura estacionada. 
Demorei algum tempo a arranjar coragem para disparar algumas frases menos próprias mas, finalmente, tive a inspiração necessária para afrontar a "madame". Sábado passado, estávamos a almoçar e reparei na  aproximação da "visita" há algum tempo esperada. Pus-me "à coca" e quando o animalzinho foi solto da trela, abri a janela e fiquei, descaradamente, a observar o desenrolar dos acontecimentos. Como hábito lá veio o "lulu" desenfreado para debaixo da janela. Nessa altura não me contive e no meu mais sibilante "pssssst" chamei a atenção da criatura que acompanhava o cão.
- "Olhe, a senhora não se importa de chegar aqui?"
Já em frente a mim, estiquei o braço e apresentei-lhe um saco de plástico. A criatura ficou a olhar para mim com um ar de interrogação. Arranjei o meu melhor sorriso, inspirei profundamente e disparei:
- "O saco é para a senhora levar para a sua porta de entrada, o que eu não quero por baixo da minha janela, ou então... ensinar o "bichinho" a limpar o cocozito."

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Pequeno, grande prazer

Embirro solenemente com o Inverno. Nada há que me incomode mais do que a chuva acompanhada de vento num dia tipicamente invernio. Daí que, nestes últimos dias, o meu sorriso se tivesse alargado de orelha a orelha a partir das 10 horas da manhã. 
Saio de casa, nem sempre pontualmente, devo confessar, e faço o percurso rotineiro até ao trabalho. Tiro um café daquelas máquinas sorvedouras de moedas. Por vezes, fico com a sensação que esteve conservado desde a época das descobertas, senão de épocas mais recuadas, tal o sabor. Sento-me à secretária, de costas para uma janela envidraçada e começo o meu dia de trabalho com um vício de, aproximadamente, 40 anos. É o lenitivo para o dia longo de papelada que começa.
Ultimamente, mais do que uma necessidade, o meu trabalho tornou-se um imenso prazer. A razão é simples. Às 10 horas inicio um namoro silencioso com o sol. Abro os estores e deixo entrar aquela luz calorosa que me afaga, sem pudor, durante 3 maravilhosas horas.
Esqueço que é Inverno; Esqueço o facto de ter, forçosamente, que lidar com quilos de papel; Esqueço o frio e deixo-me levar pelo prazer puro e simples de um dia ensolarado.

domingo, 2 de janeiro de 2011

E ele chegou - 2011

Pois...
Depois da azáfama das festas de Dezembro, essa quadra que se tornou símbolo do esbanjamento e consumismo desenfreado, como se o mundo se acabasse logo a seguir; Depois de um sem fim de votos, desejos, almejos e afins, como se o amor, a amizade, a solidariedade, os beijos, os abraços e os anseios se esgotassem num só dia; Depois das "carraspanas" para esquecer, dos "enfardanços" magistrais e das conversas da treta, chegámos a 2011.
Como todos os anos acontece tecem-se previsões, vaticina-se o futuro e regressa-se à rotina de dias mais ou menos iguais. Apesar das promessas de ser mais solidário, iniciar aquela dieta que nos porá anoreticamente fabulosos, consumir menos, poupar mais, deixar de fumar, etc., etc., etc., sabemos bem, que lá no fundo das nossas malévolas conscienciazinhas, nada vai mudar em nós. Continuaremos egoístas e senhores dos nossos umbigos durante mais 365 dias.
Se 2011 será um ano diferente? Talvez, se quisermos que seja.