terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Por favor, limpem os cocozitos

O assunto já fez correr rios de tinta e... de letras, digo eu. Já li centenas de artigos em dezenas de jornais, revistas, blogs, comentários, reclamações e desabafos irados e incontidos sobre os "diabólicos" cocozitos dos cãezinhos de estimação.
Não é fácil falar e muito menos escrever sobre tão... "aromático" tema, acreditem. Devo deixar bem claro, que até morar na minha rua, que por ironia do meu destino termina num beco, fartava-me de rir ao escutar ou ler os desabafos frustrados, mais ou menos desesperados dos meus caros concidadãos. Hoje, já não acho tanta graça e passei a fazer parte do grupo dos que estão fartos, não dos "lulus" mas dos seus irresponsáveis companheiros humanos. A minha rua deixou de ser típica e passou a ser a latrina dos cães. Localizada numa zona histórica da cidade é, sem margem para dúvidas, a vergonha pública número um. Não há um metro de calçada onde não se encontre um... "torcido"! O "pivete" é nauseabundo e ai de quem seja incauto.
Um destes dias, "saltou-me a tampa" e sem qualquer parcimónia dei comigo a "descalçar os tamancos" da forma mais pimba de que fui capaz! Moro num rés-do-chão e, por conseguinte, tenho a janela da cozinha virada para a rua (ou devo dizer beco?). Fazemos todas as refeições na cozinha e é, exactamente, à hora das refeições que certa "madame" resolve levar o canídeo de estimação a ... aliviar as entranhas. Onde pensam que é a paragem? Nem mais! Encostadinho à janela da minha cozinha, bem tapadinho por uma ou outra viatura estacionada. 
Demorei algum tempo a arranjar coragem para disparar algumas frases menos próprias mas, finalmente, tive a inspiração necessária para afrontar a "madame". Sábado passado, estávamos a almoçar e reparei na  aproximação da "visita" há algum tempo esperada. Pus-me "à coca" e quando o animalzinho foi solto da trela, abri a janela e fiquei, descaradamente, a observar o desenrolar dos acontecimentos. Como hábito lá veio o "lulu" desenfreado para debaixo da janela. Nessa altura não me contive e no meu mais sibilante "pssssst" chamei a atenção da criatura que acompanhava o cão.
- "Olhe, a senhora não se importa de chegar aqui?"
Já em frente a mim, estiquei o braço e apresentei-lhe um saco de plástico. A criatura ficou a olhar para mim com um ar de interrogação. Arranjei o meu melhor sorriso, inspirei profundamente e disparei:
- "O saco é para a senhora levar para a sua porta de entrada, o que eu não quero por baixo da minha janela, ou então... ensinar o "bichinho" a limpar o cocozito."

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