quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Crise de simplicidade

Quem me conhece sabe que, raramente, me deixo influenciar quer pelo negativismo ou pelo pessimismo exacerbados. É certo que a vida, a vida de todos nós, não é um mar de rosas mas, descermos a escala até ao zero ou, mesmo, mais ainda, é para mim algo incompreensível. Todos nos queixamos dos nossos "achaques", das nossas depressões e dos nossos maus humores. Cada um de nós terá as suas razões, contudo, agora a malfadada "crise" (seja lá qual for aquela a que nos referimos) veio torcer-nos os neurónios, toldar-nos as vontades e "desmilinguir-nos" a energia, numa sinfonia de dificuldades que, em épocas de "vacas gordas", nos fariam despencar numa gargalhada só.
O que é mediaticamente empolado é um "aperto de cinto" (e há-os com muitíssimos furos) generalizado e, estou certa, que todos sabemos que nem nos cintos há equidade. Mas... não é dessa questão que quero escrever, agora.
Quer queiramos, quer não, temos que dar a mão à palmatória: desabituámo-nos de ser gente normal. Gente que trabalha, que vai com prazer para o trabalho, gente de labuta, gente que "joga limpo" no dia-a-dia, gente que sofre, gente que tem de abdicar de certas coisas para poder usufruiu de outras, gente que tem que se governar com o seu salário, gente que sofre, que ri, que ama e que se apaixona de verdade.
Lamentavelmente, aquilo que nos poderia fazer felizes, faz-nos, profundamente infelizes.
O conforto deu lugar ao comodismo; O prazer de trabalhar deu lugar a uma rotina destruidora; A lealdade entre amigos, colegas, vizinhos, deu lugar a uma feira de vaidades, de "lambe-botismo" e de um universo de traições e intrigas numa filosofia do "vale tudo", para se atingirem objectivos um tudo-nada duvidosos. Parece incrível dizê-lo mas até uma boa gargalhada, saída da alma, (daquelas em que os olhos sorriem também), se tornou "politicamente incorrecta"! O amor tornou-se uma trivialidade daquelas "quem está com quem esta semana". Banalizou-se a paixão e as flores oferecidas, só mesmo no dia de finados.
Não gosto de reviver o passado e, muito menos, conjecturar sobre o futuro. Penso que o importante é o agora, porque agora podemos ser felizes e temos nas nossas mãos a receita básica para o ser - SIMPLICIDADE.
 

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